domingo, dezembro 26, 2004

Não adianta, não adianta eu ficar me torturando.

E pensando que eu devia ter corrido atrás, quando ainda havia esperança.

Que eu devia ter voltado atrás quando estava na beirada do precipício, sabendo que se eu o atravessasse eu nunca mais poderia voltar atrás.

INFERNO!

Será que eu sou muito mesquinha por torcer pra que tudo dê errado e ele volte a sofrer? Que ele venha correndo, com o rabinho entre as pernas? Que ele sofra o bastante pra aprender a não ser orgulhoso e assim aceite meu pedido de desculpas?

SOU SIM!

E, se você quer saber, à partir de agora passarei a cagar e andar.

É o que eu deveria ter feito, desde o início. Mas eu sou chata, chata, chata, teimosa e insistente. E insisti e teimei e chateei a paciência dele pra voltarmos a ser amigos. E me lasquei, sistematicamente, contínua e prolongadamente, até que por fim reavivei um sentimento que ele já tinha deixado de lado no que diz respeito a mim: o ódio.

E me lasquei e me lasquei e hoje eu estou morrendo de raiva e de despeito, por ver que, nessa história, quem saiu perdendo fui eu. E bonito, viu.

Mas foda-se. Foda-se, foda-se, foda-se.

FODA-SE!

Cansei. Sério. Chega.

Tédio

Não dá certo.
Eu tento sair do marasmo, fugir do meio do mato pra respirar um pouco do ar poluído da metrópole, me distrair, me divertir. O que que eu faço? Me enterro na frente de um computador e fico esperando por horas e horas e horas até a hora certa de sair, com meu irmão, cunhada, família, etc. Barzinho de rock, como disse meu irmão. Quero ver.
Cá estou eu. Cansada e sonolenta. Sem saber com que roupa vou sair. Talvez esta mesma saia desbotada, e uma das blusas que comprei com minha madrasta. Coturnos, ou "sandálias de crente", daquelas sem salto, sem aperto, confortáveis e comportadas. Nada de maquiagem. Enfim, fantasiada de evangélica, lá vou eu pra um bar de tr00 headbangers no coração de Recife.
Sozinha. Encalhada. Não posso beber e nem fumar, ou certamente apanharei dos amigos do meu irmão. Aliás, desde já não posso fumar. Não dentro de casa, e não quero ir pra portaria. Tem pessoas lá, centenas de pessoas (tá, não tantas assim) e eu não gosto de pessoas. Odeio-odeio-odeio seres humanos, e acho que se eu for pra janela o cheiro pode vir pra dentro de casa. Talvez eu devesse ter voltado pra minha casa. Fumar, não comer, dormir, ver TV, dormir, dormir, dormir, e ir amanhã cedo pra escola pagar a cota da formatura.
Tédio, tédio profundo. Solidão. Saudades. Não-estar. Não-existir. Não-ser.
Eu amo o fulaninho. Quero vinho branco e um maço inteiro de Xtra, só pra mim.
Eu quero. Minha cama. Chupeta. Mamadeira. Bichinho de pelúcia. Travesseiro rosa pequenino com estampa de bichinho e macio feito uma nuvem cor de rosa no horizonte do pôr do sol. Edredom quente quente quente como as areias e o sol escaldante do deserto na moringa do beduíno morrendo de sede no ouro quente do Saara. Leite quente com açúcar açucena açude aço inchaço cansaço cangaço maço. Cama. Dormir. Sonhos. Sonhar.
Nada melhor que o blog pra desabafar minhas paranóas e psicoses pessoais.
Eu. Quero. Ele. Ele-ele-ele-ele-ele ele mesmo ele ali o loiro o menino o cara que eu quero que eu gosto que eu amo que eu tenho paixão tesão atração o cara o cara ele-ele-ele-ele-ele-ele-ele-ele-ele-ele... Ele.
Chega.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Eu não sei.
Não sei, não sei, não sei. Tá tudo confuso, complicado, e ao mesmo tempo simples demais.
Eu não sei direito mais o que eu quero, o que eu preciso, ou o que eu sinto. Hoje, por algum motivo eu comecei a sentir um vazio, um vazio muito grande, dentro de mim. Não um vazio como o que eu sentia antes, muito antes, quando eu era apenas uma criança boba e eternamente apaixonada. Mas um vazio da presença-ausência de sentimentos, um não-estar, uma solidão infinita, como se eu estivesse sentada, nua e sozinha, num limbo, sem móveis, luz, paredes, chão, teto, nada... Suspensa no vazio, despida de corpo e alma, ali, flutuando sem saber nem ter aonde ir.
Falta o calor, a alegria que tornaria essa sensação aconchegante. Faltam pessoas, faltam seres, falta luz, falta, talvez, eu mesma. Falta alguém. Falta ele. Não sei quem é ele. Talvez seja ela. Mas falta aquela pessoa, cuja voz é tudo de que se precisa, que te faz sentir o calor, que te faz se sentir uma maravilha, que te promete todas as cores do arco-íris e que admira seus olhos com todas as cores que você não pode ver. Eu preciso dessa criatura, pra me salvar deste meu inferno do não-estar.
Eu simplesmente não aguento mais. Não aguento mais dar esses sorrisos vazios, não aguento mais essa melancolia sem sentido. Não aguento mais essa felicidade hipócrita, esse 'estou bem sozinha', isso de ser 'solteirona convicta'. Não aguento mais essa utopia que venho vivendo. Não aguento mais tentar acreditar que sou capaz de ser feliz independente de estar com alguém. Não aguento mais não conseguir gostar de ninguém.

"Breathing
As a child is born
As a cancer is
Killing my past

I'm wondering
How long I'll resist
Virus into my mind
As a rainbow...
"

Eu preciso urgentemente me apaixonar. De verdade, profundamente, desesperadamente. Com loucura, com sofreguidão, com abandono. Com lealdade. E já. Antes que eu acabe pirando.
"And I'm lonely here inside of me
Deep inside of me
I've never never felt myself this way before
I don't want to leave you with my fears
If you'll disappear
Believe in the light in me..."
E eu acho que talvez eu tenha me apaixonado. Pela primeira vez, em muito tempo. E já faz algum tempo, mas eu só me dei conta disso agora. E só porque foi a notícia que eu recebi que desencadeou todos esses sentimentos. E eu me abri tarde demais, e não pra ele(a), e me sinto confusa por isso. Faz um ano. Um ano e eu nesse sofrer calado, ou nem tão calado assim. Por 8 meses foi necessário, por 4 meses foi por falta de oportunidades. Mas ainda assim, calado. Eu me apaixonei, e só vim a me dar conta exatamente 1 ano depois. E ainda apaixonada. Fissura, talvez. Mas uma ligação, ainda assim. Unilateral. Não sei, não sei...
Eu o quero por perto. Ao meu lado, para que eu possa abraçá-lo. Deitado com o corpo junto ao meu para me esquentar nas noites frias. Dentro de mim. Em todos os lugares. No ar que eu respiro, no chão que eu caminho, na água que bebo, no fogo que me esquenta. No fogo que me consome, na cama que eu durmo, enfim, em todos os lugares.
Eu quero... Eu não sei o que quero. =/